sábado, 28 de dezembro de 2013

PREFEITO PAULO FERREIRA: UM ANO DE MUITOS ACERTOS, E NOVOS RUMOS

Paulo Ferreira é o primeiro prefeito moderno de Portel. Sua gestão frente à Prefeitura marcou um novo tempo. Eu, eu acredito, pra sempre.

É claro que o Pedro Barbosa quando eleito vice em 1982 também se dizia o novo, mas o Brasil ainda estava sob o Regime Militar na época.

Em menos de um ano de mandato o prefeito Paulo Ferreira deu um novo ritmo na administração da prefeitura. Sob chuva, reinaugurou a Praça do Muruci, da época do prefeito Elquias. Continuou a obra de seu antecessor, a Academia de Saúde. Reformou a Estação Hidroviária, do ex-prefeito Elquias e, mais significativamente, está prestes a entregar, totalmente reconstruído, o Mercado Municipal, obra do ex-prefeito Felizardo Diniz, que estava abandonada há mais de uma década. Além de várias outras realizações.


Prefeito Paulo Ferreira< à esquerda, e seu vice,
Luciano Fonseca, à direita
(Foto: educadoresdeportel.blogspot.com.br

No entanto, nada marcou tanto quanto a operação da polícia que apreendeu mais de dez traficantes no município. Impossível minimizar o impacto dessa ação, ao imaginar quantos milhões eram mandados pra fora do município para comprar drogas, e quanto sofrimento o tóxico trazia à população.

A marca pessoal do prefeito também aparece na Secretaria de Comunicação, que se tornou atuante e as ações da Prefeitura passaram a receber ampla propaganda, além de serem divulgadas no facebook. Essa publicidade se viu também nas férias de julho, quando, pela primeira vez em muitos anos, Portel teve umas férias com programação divulgada antecipadamente, e toda ela cumprida.

Houve também uma preocupação em promover o lado produtivo, por meio da distribuição de sementes de feijão para os agricultores, assim como o apoio ao viveiro municipal de hortaliças. Aliada à reconstrução do Mercado Municipal, essas medidas são fundamentais para a geração de renda.

Essas realizações em si não são poucas e merecem todo o elogio.

Portel passou ainda recentemente por um período negro em sua história, em que até praga de morcegos teve.

Os resultados não demoraram a vir. Há agora mais esperança no povo de Portel e um clima de otimismo nas pessoas, impressão que tive quando estive lá em julho. Todo esse otimismo angariou ao prefeito, que não tinha experiência política, uma ampla aprovação e hoje ele navega numa onda de popularidade. Nunca na história de Portel um prefeito teve tão grandes poderes para governar. Se o Renato Queiroz, quando assumiu prefeito, tinha três vereadores do seu lado contra cinco da oposição, hoje só existe um vereador na oposição em Portel (talvez dois, não sei). O prefeito Paulo Ferreira pode aprovar o que quiser.

A aprovação é tanta que o prefeito é até cantado em prosa e verso (em verso parece até um exagero, mas o Sérgio Carvalho já cuidou de cantar em prosa).

Mas nem tudo foram acertos.

Em menos de um ano, o prefeito Paulo Ferreira já tem o triste recorde de ser o destruidor da Escola de Música de Portel.

Na penúltima vez que visitei Portel, em meio ao desalento geral, notei que havia alguma coisa nova, Portel tinha uma Escola de Música! Vi as crianças chegando alegres com seus cadernos e prontas para empunhar os instrumentos, dentro pouco já estavam tocando Legião Urbana. Mesmo o Walricley, professor novo na escola, já tocava Baden Powell! Lá era o local apropriado onde um instrumentista gênio como Melque poderia passar seu conhecimento para uma nova geração. Também o Matinta poderia finalmente ter algum reconhecimento, agora como professor.

A música abre um novo mundo para crianças, sobretudo de um lugar isolado como Portel. Assim, eu, que conheço o poder restaurador da música, me coloquei a sonhar. Em breve aquelas crianças poderiam estar descobrindo Mozart, aprendendo minuetos, sonatas, fariam recitais, concertos. Quem sabe até Portel poderia ter uma Orquestra!

Animado, tirei cópias dos meus livros de Introdução ao Violão I e II do Henrique Pinto e mandei para lá. Os volumes encadernados foram incorporados à estante de material didático. Preocupado com a escassez de material, me dispus também a xerocar meus livros do grande violonista espanhol Andrés Segóvia para enviar, e fornecer alguma outra ajuda, até que me veio a notícia: o prefeito Paulo do Posto acabou com a Escola de Música de Portel. Como?

- É, ele disse que não tem verba. Mandou o Melque para uma função burocrática e mandou as crianças de volta para casa.

Eu fiquei perplexo. Quantos talentos para a música não se perderam com essa medida? Quantos jovens não seriam salvos das drogas por meio da música?

Ainda argumentei, “mas a escola não custa muito...”. Não adianta. Ele diz que a Prefeitura não tem dinheiro e que tem outras prioridades.

Em breve ele mostraria suas prioridades. Nas férias de julho, para apenas duas apresentações, o prefeito pagou, segundo informações, uma quantia de nada menos que R$ 100.000 para uma banda de forró do Nordeste. E não fica por aí, no aniversário da cidade vem uma banda ainda maior, e mais cara. A prioridade é o espetáculo com artistas de fora. Assim, o dinheiro que falta para as crianças do município tá indo a rodo para bandas de forró do Nordeste.

Aliás, o prefeito tem uma relação difícil com os professores. Não sei exatamente qual o problema dele com a Educação. Passou o Dia dos Professores, que antigamente o prefeito Felizardo Diniz comemorava junto com as professoras, e nenhuma manifestação do prefeito Paulo Ferreira.

“Não há verbas”. Com essa mesma justificativa, diante da precariedade das finanças da Prefeitura, o prefeito se lançou em uma agressiva campanha para arrancar dos produtores, na forma de taxas, com mais do que questionáveis fundamentos legais, o dinheiro que faltava para equilibrar as contas do município. Portel não produz quase nada e, em vez de promover, o prefeito cuidou de penalizar os coitados dos produtores.

Ávido por mostrar resultados, Paulo do Posto busca compensar as medidas amargas por meio de promessas e propagandas na mídia. E já vem colecionando várias promessas não cumpridas (a inauguração de um posto de saúde no Muruci parece ser uma delas).

Seria o caso, então, de o prefeito Paulo Ferreira esclarecer a população sobre a situação das contas do município. E aqui vale um pouco de digressão.

Sem nenhuma experiência política, o prefeito Paulo do Posto foi alçado à prefeitura por meio de uma reviravolta dramática na política portelense. Seu secretário mesmo ressalta que sua eleição se deveu a um grande ato de sorte.

Esse ato se chama Pedro Barbosa.

Lembro-me uma vez, lá pelos idos de 1980 e pouco, no Bar do Batelão, quando o Pedro, ao ser apresentado a uns professores vindos de Belém, apresentou-se como “um doutor em direito eleitoral sem o diploma”... De fato, Pedro Barbosa pode até não ser doutor em Direito Eleitoral, mas nesse quesito ele deu um banho no bacharel em Direito que diz doutor, o Miro Pereira.

Pedro Barbosa como prefeito pode ter cometido todos os erros, mas no jogo político ninguém tira o mérito dele. Pode até não falar bem na televisão, mas com um microfone na mão e diante do público, ele está em seu ambiente, desde a época dos bingos do Paroquial. Diante das autoridades então, ele se sente totalmente à vontade, dá voltas pelo salão, tira brincadeira com um ou com outro. Mostra total desenvoltura no jogo com os poderosos. E é essa desenvoltura que falta ao novo prefeito, tão em débito com as escolhas de seu antecessor.

Ex-prefeito Pedro Barbosa. (Foto: Tocnotícias)
Em seu mandato, Pedro venceu até o câncer. E quando muitos já o julgavam morto e enterrado, ele voltou para assumir o cargo e definir os rumos da eleição. Ele escolheu o Paulo Ferreira seu sucessor.

Mas, por um lado, seu legado também é pesado sobre o novo prefeito.

Não é o meu objetivo aqui fazer oposição, nem entrar para a situação. Quero apenas contribuir para o meu município, que amo. Mas me preocupo com as atitudes dúbias do novo governo.

Uma hora ele distribui sementes aos produtores, noutra ele fustiga os produtores por meio de taxas. Diz que não tem verbas para a Escola de Música, mas paga regiamente a bandas de forró vindas de fora. Promete construir uma estrada, mas não tem verba nem para pagar o 13º dos professores...

Com o caixa quase vazio, e sem experiência política, o prefeito Paulo Ferreira parece estar  meio sem rumo, assim como a estrada que ele diz construir (mas a estrada já é uma outra história e eu deixo para comentar isso em um outro post).