sábado, 22 de novembro de 2014

FÉRIAS DE JULHO EM PORTEL E GERAÇÃO DE EMPREGO




No último mês de junho em Portel, em meio a uma crise financeira e alegações de corte nos repasses da Prefeitura, o prefeito Paulo Ferreira demitiu dezenas, senão centenas de empregados temporários da Prefeitura.
Com uma programação de férias de julho planejada e divulgada, logo vieram as acusações de como podia a Prefeitura de Portel fazer festa em meio a demissão de tantos pais de família, “por que não mantinha o prefeito os prestadores de serviço no emprego e, assim, sacrificava as férias de julho, em vez de ficar fazendo festa?” diziam os discordantes.
Muito bem, eu discordava dessa ideia. Para mim, a programação das férias de julho deveriam ser mantidas. Ainda que alguns perdessem os empregos na Prefeitura, pior seria sacrificar o emprego de muitos outros. Mas, como não tinha dados para sustentar essa minha opinião, e para não ser pego entre a oposição debochadora e os aliados do prefeito, preferi me calar.
Até que, em agosto passado, pesquisando sobre estatísticas de emprego, me deparei com os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho por município. Esses números revelam as contratações e demissões de empregos de carteira assinada e estão disponíveis para quem quiser pesquisar.
Pois bem, em julho de 2014 foram contratados em Portel 144 empregos de carteira assinada. Esse foi o melhor mês desde 2007, quando os dados começaram a ser difundidos Descontando 18 demissões, mesmo assim a variação positiva em 128 empregos é a melhor dos últimos sete anos.
Isso pra mim prova aquilo que eu havia dito sobre os empregos gerados nas férias de julho em Portel. A chegada de milhares de visitantes na cidade traz milhões em divisas escassas ao município. Esse dinheiro movimenta o comércio, os hotéis e pousadas, os restaurantes e o comércio informal de rua. E as pessoas vêm porque eles sabem que há uma programação e há o que fazer na cidade.
Neste ano de 2014, assim como no ano anterior, Portel foi um dos poucos municípios do Pará a ter uma programação anunciada com mais de um mês antes das férias. Essa divulgação, aliada ao fato que o prefeito Xarão, por algum motivo, parece que deixou de investir em férias de julho em Breves, ajudou a trazer milhares de veranistas e a gerar empregos em Portel, sem falar no mercado informal, dos vendedores ambulantes, que são em maior número.
Mas os dados do CAGED também fornecem indicações reveladoras sobre a economia em Portel. Até 2007, a cidade possuía um saldo positivo de mais de 100 empregos gerados no ano para os trabalhadores locais. Mas, em 2008, algum desastre aconteceu que resultou na perda líquida de mais de 194 postos de trabalho de carteira assinada no município. E qual foi o desastre?
Só pode ter sido um. Em maio de 2008 a Amacol foi violentamente invadida, e junto com a destruição das casas foram destruídos também postos de emprego. A serraria em si já havia parado, mas a invasão e os seus resultados destruíram inúmeros outros empregos. Portel nunca mais foi a mesma.
Desde 2007, tirando um diminuto saldo positivo de 15 empregos formais em 2009, Portel só perde empregos de carteira assinada. Para se ter uma ideia, de 2008 a 2013, foram eliminados em Portel quase 500 postos de trabalho formais em Portel. Esses são saldos líquidos. Isso deixa claro que desde a invasão da Amacol Portel só tem regredido. E quando juntamos a isso o fato de Portel tem uma população jovem e que a cada ano cerca de 1.000 jovens completam 18 anos e entram no mercado de trabalho, a tragédia fica completa. A maioria não tem outra opção senão entrar no mercado informal, mudar para outro município ou ficar sem fazer nada.
Forneço abaixo os números completos para se ter uma ideia (os números em parênteses são os números negativos):
2007 – 103
2008 – (194)
2009 – 15
2010 – (6)
2011 – (73)
2012 – (141)
2013 – (93)
2014 – 133
Todo ano o mês de julho é o mês de melhor emprego em Portel. Depois os trabalhadores vão sendo demitidos até que no final do ano o saldo é negativo. Neste ano de 2014, depois de julho, o saldo positivo tem continuado até outubro, quando houve uma perda líquida de seis postos de trabalho. Mas no ano o saldo deve ser positivo. Tomara que Portel agora esteja tomando o rumo certo.
É com essa preocupação com empregos para os jovens que eu defendo que as férias de julho se tornaram uma das mais importantes fontes de emprego na cidade. O prefeito não deveria ficar se preocupando com críticas daqueles que torcem para o ‘quanto pior melhor’. A programação das férias em si pode, e deve, ser discutida. Eu, pelo meu lado, acho que deveria haver mais espaço para as crianças, e atrações para os evangélicos também. Sem dúvida as comemorações da Assembléia de Deus em julho contribuíram muito para o número de visitantes no município.
Minha preocupação é que venha depois um novo prefeito, que diga que não quer investir em ‘festa’ e acabe com a fonte de empregos de centenas de trabalhadores. As férias de julho são uma conquista do povo e fazem parte da identidade de Portel. Na verdade o prefeito já deveria estar se preocupando com a programação de Natal e Ano Novo, e em pensar no ano seguinte. Tudo exige preparo antecipado.
Faço aqui a defesa de políticas em Portel que gerem emprego, até porque parece que nos últimos meses o prefeito se dedicou às articulações políticas e deixou de lado o incentivo à geração de renda.
Não vou deixar de cobrar melhorias para o meu município. Isso sempre de forma clara e com equilíbrio. Ainda que isso me desincompatilibilize com alguns indivíduos. Não estou na lista de pagamentos deles.