Depois de um ano de recuperação em 2014, o desemprego em
Portel voltou a crescer em 2015, como já havíamos adiantado em meados do ano passado. Essas são as informações reveladas pelos
números divulgados pelo CAGED, do Ministério do Trabalho. O ano de 2015 fechou
com um saldo de 200 contratações em carteira assinada contra 262 demissões,
resultando em uma perda líquida de 62 postos de trabalho.
Esse resultado negativo segue a tendência geral de perda de
emprego, observada pelo país inteiro. É um dado desanimador principalmente
quando comparado com o período de 2011 a 2013, em que Portel perdeu 1.156
postos de trabalho. Mas não é tão ruim quando comparado com o município vizinho
de Breves, que teve uma perda líquida de 95 postos de trabalho. Breves amarga o
segundo ano seguido de aumento do desemprego. Enquanto na capital, Belém, em seu terceiro
ano de retração, fechou com quase doze mil empregos a menos em 2015.
Os dois municípios vizinhos oferecem, aliás, um bom
comparativo na solução para a crise do fim do ciclo da indústria madeireira,
que aconteceu em 2008. Enquanto Breves levou um golpe ainda mais violento que
Portel com fechamento das serrarias, sofrendo perda de 1.201 empregos de
carteira assinada, o município dos furos do Marajó logo se recuperou,
encontrando vocação como prestadora de serviços de saúde e educação para os
moradores das cidades vizinhas.
O Hospital Regional de Breves abriu em 2010 e, no período,
várias faculdades particulares estabeleceram-se no município. Posteriormente o
campus da UFPA em Breves foi ampliado, passando a oferecer mais cursos,
inclusive de pós-graduação. Atualmente, dezenas de estudantes de Portel viajam
diariamente para Breves, para cursar a faculdade, sem contar estudantes de
outros municípios. Como resultado, entre 2011 e 2013, enquanto Portel perdeu
1.156 postos de trabalho, Breves ganhou 778 novos. Mas essa fase de crescimento
do município dos Furos do Marajó parece ter se esgotado, e Breves entra no
segundo ano de crescimento do desemprego.
De qualquer forma, fica o exemplo para Portel: cada
município deve investir na sua vocação. Enquanto para Breves está localizada em
uma ilha, junto a uma via fluvial que é passagem entre Belém e as principais
cidades da Amazônia, e tem naturalmente a lucrar com o comércio e a prestação
de serviços, Portel é continente, e fica localizada em uma ponta, que é fim de
linha dos barcos.
A saída para Portel é investir em produção agrícola, na
estrada, e no escoamento dessa produção para o restante do país, e do mundo. Esse
é o remédio contra o desemprego.