Apresentação
Poucas tragédias marcaram tanto uma cidade como a morte de
Alcides Monteiro Evangelista marcou Portel.
Alcides Montero Evangelista |
Alcides Evangelista era filho de Portel. Seus pais eram
Damião Evangelista, oriundo de uma numerosa família portelense, e Maria
Monteiro, irmã de Joaquim e João Monteiro. Sidoca, como Alcides era
popularmente chamado por familiares e amigos, era, portanto, primo de Wilson
Monteiro e Estanislau Monteiro. Ele era, sobretudo, dono de
uma personalidade carismática, que sabia se relacionar bem com todos, além de
namorador e um dos melhores jogadores de futebol que Portel já viu.
Ainda jovem, foi convidado pelo prefeito Carlos Saboya para
ir trabalhar na capital, em Belém. Lá ele estudou e trabalhou em diversas
empresas, além de jogar em vários clubes de futebol, entre os quais o
Pinheirense, de Icoaraci. Porém, passados alguns anos, ele retornou à sua cidade natal, onde moravam os seus
pais.
Após seu retorno, sua carreira em Portel teve uma rápida ascensão
profissional. Na época, a
Companhia Amazonas estava no auge do seu poderio
econômico na cidade, e Alcides se tornou um dos poucos brasileiros a ocupar posição
de dirigente na companhia, como gerente do escritório. Além de um bom emprego
em uma empresa particular, ele logo começou uma promissora carreira política em
1970, quando foi eleito vereador. Durante o mandato-tampão do prefeito Rafael
Gonzaga, ele, ele era o vice-prefeito. Em uma época em que a política ainda era
dominada pelo acordo de cavalheiros, Alcides Evangelista era cotado para ser o
próximo prefeito.
Alcides Monteiro era aos 32 anos, portanto, uma pessoa com
um futuro promissor à sua frente, um filho exemplar e um cidadão que trazia
muitas esperanças a seus conterrâneos. Ele era o próprio exemplo do filho
pródigo que à casa volta.
Naquele carnaval de 1972, Alcides planejou passar o feriado
com a esposa e as duas filhas em Salinas, acompanhado do então prefeito Rafael
Gonzaga, que já se encontrava no balneário. Em vez de pegar o barco de linha,
como era normal, Alcides preferiu ir em um avião da TAL (Táxi Aéreo
Londrinense), empresa que na época fazia escala aérea em Portel no percurso
para a cidade de Altamira, que se encontrava então no auge da construção da
rodovia Transamazônica.
O avião da TAL, de prefixo PP-AMN, era um monomotor modelo
Piper PA-28 Cherokee, com quatro lugares para passageiros, mais um lugar para
piloto e um assento ao lado do piloto usado para mais alojar mais um
passageiro. Era um modelo de avião amplamente utilizado como taxi-aéreo na
região até hoje. O piloto da aeronave era Heitor Bacellar, com dez anos de
experiência em voos na Amazônia, ele era filho do comandante da aeronáutica,
Huet de Bacellar.
Quando pousou em Portel, naquela manhã de sábado, dia 12 de
fevereiro, o avião da TAL chegou com três passageiros a bordo. O advogado
Wilson Velasco, o médico Manoel Gladson Pipolos e o comerciante Otávio Augusto
Nery. Manoel Pipolos trabalhava para a construtora Mendes Júnior em Altamira,
quando sofreu um acidente em um veículo da empresa, ele se encontrava a caminho
de Belém para tratamento de ferimentos. O comerciante Otávio Augusto Nery era
proprietário de embarcações que faziam frete de Altamira para Belém. Nesse dia,
tendo alguns assuntos a resolver na capital, ele preferiu pegar um avião e
adiantar seus empregados por barco para encontra-los depois em Belém.
Em Portel, o passageiro Domingos Simões chegou para embarcar
no avião em cima da hora. Uma vez que a lotação máxima já estava completa e o
piloto se recusava a deixar o passageiro embarcar, Domingos Simões insistiu com
o piloto, reclamando que já tinha comprado a passagem. O piloto concordou em
embarca-lo, desde que deixasse as bagagens. Domingos Simões viajou sentado
entre as poltronas.
O outro passageiro que embarcou em Portel foi a odontóloga
Dalva Patriarca. Filha do desembargador Eduardo Patriarca, presidente do
Tribunal Regional Eleitoral do estado do Pará, Dalva havia presidido o
diretório da Faculdade de Odontologia, em Belém, onde ela promoveu cursos de
assistência gratuita a moradores de baixa renda. Mesmo com toda oportunidade de
seguir carreira em Belém, ela preferiu montar consultório particular em Portel,
onde estava morando. Aos 27 anos de idade, Dalva era uma morena alta, corpulenta
e muito simpática.
Alcides Monteiro embarcou no avião e se sentou no banco de
trás, do lado direito, ao lado de Domingos Simões. Dalva Patriarca se sentou na
primeira fileira, junto à janela do lado direito. O médico Manoel Pipolos se
sentou ao meio, entre o advogado Wilson Velasco e Dalva Patriarca. O
comerciante Otávio Augusto Nery estava sentado ao lado do piloto.
Jornal A Província do Pará noticia a tragédia. |
Comunicação com a
torre comando
Quando o avião da TAL decolou de Portel às 12:20 horas daquele
sábado, 12 de fevereiro de 1972, a chuva ominosa já começava a cair sobre o
campo de aviação em Portel. Era um mês de fevereiro de Carnaval com chuvas
acima do normal.
O carnaval seria dia 15 de fevereiro, o avião partiu no
sábado, dia 12.
Passada uma hora de vôo, o piloto comunica à torre de
comando em Belém que enfrentava um forte temporal, e que e que não conseguiria
chegar a Belém. Naquela tarde, a torre de comando no aeroporto Valdecans
registrou a seguinte comunicação com o avião PP-AMN da TAL:
13:10 h – O piloto comunica que passava por forte temporal.
Ele tentaria retornar a Portel.
13:27 h – O piloto comunica que, devido a tempestade, não
conseguira pousar em Portel e que, naquele momento, sobrevoava um rio, fazendo
voltas para identificar o local.
14:00 h – Informa que estava ficando sem gasolina.
15:39 h – Informa à torre de comando: “Nada mais podemos
fazer. Vamos fazer a aterrissagem e já estamos com as portas de emergência
destravadas”. O controlador de vôo respondeu: “boa sorte”.
Manchete do jornal O Liberal. |
As Buscas
No sábado, ninguém das famílias ficou sabendo do acidente.
Eles ficariam sabendo do acontecido só no domingo de carnaval. Na
segunda-feira, os jornais noticiavam “filha do desembargador Patriarca está
desaparecida em vôo para Belém”. Era uma segunda-feira de feriado de carnaval.
Em Belém os foliões se reuniam para o desfile das escolas de samba na Avenida
Presidente Vargas. Mas, para as famílias que se reuniam no aeroporto de
Valdecans para saber de seus parentes desaparecidos, o carnaval era de agonia.
Ninguém sabia do paradeiro do avião.
Imediatamente a aeronáutica montou uma verdadeira operação
de guerra para resgate do avião e salvamento dos passageiros. Sete aviões foram
empregados nas buscas: um Hércules Lockheed C-130 da Salvaero, dois catalinas,
dois aviões da TAL e mais um avião de uma empresa particular. A Companhia
Amazonas também disponibilizou seus aviões para ajudar nas buscas. Os aviões
voavam em formação varrendo cada metro quadrado de florestas e rios tentando
localizar vestígios do acidente. A região de buscas cobria os municípios de
Moju, Igarapé-Miri, Cametá, Abaetetuba, Oeiras do Pará, Breves, Altamira,
Curralinho e Anajás. Nada era encontrado.
Passou-se sábado, domingo, segunda-feira, terça-feira.
Nenhuma notícia do acidente ou de sobreviventes.
Jornal com noticia das buscas ao avião. |
Em uma época em que as estações de rádio ainda dominavam as
notícias, todos se grudavam aos aparelhos de rádio para saber informações. Os
boatos vinham de todas as partes.
Uma pessoa se identificou como o prefeito de Altamira ligou
para o desembargador Eduardo Patriarca e comunicou que as sete pessoas estavam
salvas e a caminho de Belém. Outra pessoa chamou a filha de Otávio Nery e falou
que seu pai havia ligado para o Posto Vasconcelos, no Porto da Palha em Belém,
dizendo que tudo estava bem. A filha se deslocou para o posto, mas tudo não
passara de informação falsa. Outro boato chegou ao escritório da TAL em Belém
por telegrama, enviado pela firma Mendes Júnior, que atuava na construção da
Transamazônica. Segundo o telegrama, o avião teria pousado em um rio, em
Igarapé-Miri, todos os passageiros teriam sobrevivido e estariam vindo de barco
para Belém. A TAL enviou um avião para aquele município, onde, novamente nada
foi constatado.
O diretor da TAL, José Rodrigues dos Santos, se mostrava
muito irritado com o noticiário que uma das rádios locais dava, afirmando que
estas notícias falsas prejudicavam bastante o serviço de salvamento.
Em Portel, as falsas notícias trouxeram alegria e decepção
para os familiares de Alcides Evangelista. Seu Damião, pai de Alcides Monteiro,
era proprietário de um pequeno bar, a “baiúca do seu Damião”, como se dizia, lá
ele ouvia ansiosamente o rádio à espera de boas notícias. Em um primeiro momento anunciaram que o avião
havia sido achado e todos os passageiros estavam vivos. Houve festa no bar do
seu Damião, rodadas de cerveja e cachaça foram distribuídas gratuitamente aos
que estavam presente. Porém, logo depois vieram notícias afirmando que haviam
sido dadas notícias falsas, que, na realidade, nenhum passageiro havia sido
encontrado. O silêncio e a tristeza se abateram novamente sobre o bar do seu
Damião, e sobre a cidade.
O Acidente
Pouco antes da última comunicação com a torre, às 15:39
horas do sábado, o piloto Heitor Bacellar percebeu uma falha na bomba de
combustível do avião. A bomba simplesmente parou, deixando de bombear
combustível do tanque para o motor. Sem saber onde estava voando, ele começou a
procurar um local para pousar com segurança, quando avistou um rio. Ele
informou à torre que tentaria pousar no rio, mas, quando se preparava para
pousar, a bomba voltou a funcionar e ele, então, tomou a decisão arriscada de
arremeter e tentar voar até a pista de pouso mais próxima. Ele tomou essa
decisão em razão de vários passageiros não saberem nadar. Poucos minutos
depois, no entanto, a bomba de combustível volta a falhar e ele então decidiu
pousar em uma clareira.
Ele avisou todos os passageiros de que teria de fazer um pouso de emergência. Não houve desespero no avião. Todos demonstravam coragem. Apenas Dalva Patriarca deixou transparecer nervosismo, quando começou a fumar cigarro um após o outro. No momento em que se preparava para pousar, a asa direita do avião bateu contra uma árvore, partindo ao meio e cuspindo o passageiro Wilson Velasco para fora da aeronave. O avião então embicou e se espatifou em cheio contra o chão. O avião caiu a cinco quilômetros de distância da margem do rio Anajás. O local da queda ficava distante da cidade, em um local de difícil acesso, cerca de dezessete minutos de avião e mais três horas de barco.
Com o choque, Alcides Evangelista, Domingos Simões e Otávio
Augusto Nery morreram na hora. O avião
Cherokee se tornou um monte de ferro retorcido.
O advogado Wilson Velasco, ao ser cuspido do avião,
salvou-se milagrosamente, apenas com um corte profundo na cabeça, o qual
sangrava muito. Ao acordar-se, sem saber como havia saído do avião, ele viu que
o piloto Heitor Bacellar estava vivo, e tentou retirá-lo do meio das ferragens,
uma vez que a asa direita encontrava-se por cima do piloto. Liberado o piloto,
os dois sobreviventes perceberam que o médico Manoel Pipolos também estava
vivo. Eles tentaram acordar o médico,
que despertou em estado de choque, gritando: “eu quero uma ambulância,
remédios, primeiros socorros!”.
Dalva Patriarcha, ao centro, junto à família. |
Dos demais passageiros, apenas Dalva Patriarca
também estava viva, porém desacordada. Ela respirava, murmurava algumas
palavras e gemia intercaladamente.
Perdidos na selva, feridos e sem alimento, a situação era
desesperadora. Manoel Pipolos tomou de um revolver que levava na bagagem e
tentou o suicídio. “Se é para morrer, melhor morrer logo!”, gritou ele. O
piloto e o advogado tomaram a arma da mão dele e procuraram acalmá-lo,
prometendo que todos sairiam salvos. Carregando o médico ferido pelos ombros, o
piloto e o advogado rumaram em direção ao sol poente, procurando sinais de
civilização. Mas logo o médico, desistiu. Não tinha condições de seguir
adiante. Seria melhor se os dois buscassem socorro sozinhos, ele ficaria
esperando junto ao local do acidente. Wilson Velasco e Heitor Bacellar então
improvisaram uma cama de folhas e galhos de árvore e, como mantimento, deixaram
uma lata de água potável e um saquinho de castanha do pará, que haviam
encontrado junto às bagagens do avião.
Durante o restante do sábado até o domingo, Wilson Velasco e
Heitor Bacellar andaram pela mata sem encontrar sinais de civilização. Os dois
dormiram à noite encostados ao tronco de uma árvore, sob a chuva incessante. No
domingo, desanimados, os dois decidiram voltar ao local do acidente. Quando
retornaram Dalva Patriarca já estava morta. Manoel Pipolos sobreviveu comendo
as castanhas encontradas no avião. Quando elas acabaram, ele começou a comer
gafanhotos. A situação ficava cada vez mais desanimadora. Com a sua
experiência, o médico diagnosticou que havia sofrido um enfisema pulmonar, além
das fraturas nas pernas. Na segunda-feira, o piloto e o médico voltaram
novamente ao local do acidente. A impressão é que eles estavam andando em
círculos na floresta. Ao retomar as buscas, os dois decidiram, porém, tomar a
direção contrária, rumo sol nascente.
Destroços do avião em que morreu Alcides Evangelista. |
Na terça-feira de manhã, fazia já três dias que os dois
estavam andando famintos na floresta, sem um rumo certo, e sem encontrar sinais
de civilização. Desta vez porém, finalmente os dois viram algo diferentes:
sinais de cortes de machado em troncos de árvore e trilhas de arraste de tronco
de árvore pelo chão. Wilson Velasco havia trabalhado como advogado de
madeireiras, e conhecia bem o processo de extração. Era sinal de que havia
gente por perto. O piloto nesse momento lembrou-se do revolver que havia tomado
do médico Manoel Pipolos, decidiu dar tiros para o ar e gritar por socorro,
como forma de chamar a atenção.
Piloto Heitor Bacellar. Para os sobreviventes, ele foi um herói. Para as família dos mortos ele foi um dos culpados, ao decidir não pousar o avião no rio Anajás. |
Foi então que os dois sobreviventes foram encontrados por um
grupo de caboclos, próximo à serraria Arunã, na vila de Porto Alegre, nas
margens do rio Anajás. Os caboclos, comandados pelo senhor Simeão, dono de um
regatão (barco usado para venda de mantimentos), haviam ouvido a queda do
avião, e também procuravam os sobreviventes. Ao ver que um caboclo carregava
peixes, o advogado Wilson Velasco, arrancou os peixes da mão do caboclo e
tentou comê-los cru mesmo, tamanho o desespero e a fome. Os caboclos acalmaram
os dois levaram-nos para a serraria. Em seguida, seguindo as indicações dadas,
foram até o local do acidente e resgataram o médico Manoel Pipolos, carregando-o
em uma rede atada a uma vara de madeira. Os corpos dos quatro mortos também
foram transportados até a vila de Porto Alegre. A notícia de que pelo menos
dois estavam vivos chegou na quarta feira às 11:00 horas da manhã ao aeroporto
Valdecans, onde se concentravam as operações salvamento. Do rádio da serraria
Arunã, foi comunicado à FAB (Força Aérea Brasileira) que os sobreviventes do
avião PP-AMN da Táxi Aéreo Londrinense haviam sido encontrados.
Diante da dúvida de quando chegaria o socorro, e do adiantado
estado de decomposição dos corpos, os caboclos decidiram enterrar os mortos ali
mesmo no cemitério da vila de Porto Alegre.
Em Belém, na terça-feira, o comando de operações de
salvamento aéreo, sob as ordens do coronel Rodopiano Barbalho, assim que
recebeu informações do local do acidente, começou o planejamento dos
procedimentos de resgate. O local era de difícil acesso. O pouso no rio Anajás
só era possível com aviões catalina. E as chuvas incessantes no período só
faziam dificultar os para a região. Assim, a equipe de salvamento aéreo só
chegou à vila Porto Alegre na quarta-feira de manhã, em um avião catalina
pilotado pelo comandante Huet de Bacellar, pai do piloto Heitor. Dado o estado
de saúde do médico Manoel Pipolos, ele foi primeiro transportado para o
hospital de Anajás. O advogado Wilson Velasco e o piloto Heitor Bacelar foram
transportados para Belém. Os corpos dos mortos só seriam transferidos para
Belém após exumação.
Fim da Angústia
Quando o médico Manoel Pipolos chegou a Belém na
quinta-feira, acabou-se a esperança dos parentes que esperavam que seu ente
querido estivesse entre os sobreviventes. A irmã de Dalva Patriarca não
aguentou a dor e desmaiou. O pai de
Dalva, Eduardo Patriarca, com problemas no coração, havia sido retirado do
aeroporto na segunda-feira e foi mantido em casa isolado, sem ser informado da
confirmação da morte da filha.
Jornal Folha do Norte com notícias da tragédia. |
Seu Damião Evangelista, pai de Alcides, chegou a Belém na
sexta feira ao meio dia, junto com outros altos executivos da Companhia
Amazonas, num avião fretado pela companhia. No mesmo dia, à tarde, chegaram ao
aeroporto Valdecans em Belém as urnas com os corpos dos mortos. Seu Damião,
diante da urna com o corpo do filho, fez apenas um pedido aos soldados, que
abrissem a urna para que pudesse ver o corpo. Em estado de negação e choque,
ele murmurou apenas “Não reconheço meu filho assim”. O corpo de Alcides
Monteiro Evangelista foi reconhecido pelas roupas que usava no dia do acidente.
O corpo de Alcides Monteiro Evangelista foi enterrado em
Portel num sábado, uma semana após sua morte. Uma multidão foi ao cemitério
acompanhar o enterro. Muitos continuavam sem acreditar em sua morte. Seu Nivô,
o vigia das praças, ao lhe falarem o Sidoca havia morrido, não acreditou na
notícia. Quando lhe disseram que a rádio havia confirmado a notícia, ele
respondeu: “A rádio mente!”.
Desembarque dos corpos em Belém. |
Caixão com o corpo de Alcides Evangelista embarca para ser enterrado em Portel. |
À família de Alcides Monteiro ficou apenas o seguro de
cinquenta mil cruzeiros, pago pela seguradora, e muitas lembranças. Nas
eleições seguintes, no ano de 1974, o senhor Othon Fialho foi eleito prefeito,
para o seu segundo mandato. A Companhia Amazonas mudou o nome para Amacol e a
partir de então começou uma política de só contratar norte-americanos para os
postos de chefia. Demoraria mais de vinte anos para que um portelense ocupasse
na companhia um cargo de comando. Mas aí então a companhia não era mais da
Georgia Pacific. Muito se pode especular se Alcides Evangelista continuasse
vivo, hoje aos 76 anos de idade. Naquele último voo, em um sábado de carnaval,
muitos sonhos ficaram para trás.